sábado, 17 de abril de 2010
" ZIZI POSSI "
Maria Izildinha Possi (São Paulo, 28 de março de 1956), mais conhecida como Zizi Possi, é uma cantora brasileira.
Paulistana do bairro do Brás, típico reduto de imigrantes italianos, estudou piano e canto na infância e mudou-se para Salvador aos dezessete anos, onde estudou composição e regência. Após dois anos de curso, abandonou a faculdade e fez teatro com o irmão, o diretor de teatro José Possi Neto, na mesma época em que participou da montagem do musical Marilyn Miranda. Em um projeto para a prefeitura soteropolitana, trabalhou como professora de música para crianças — filhos de prostitutas no Pelourinho —, gravou jingles comerciais e participou de especiais da televisão local, transferindo-se posteriormente para o Rio de Janeiro.
A convite do então diretor artístico Roberto Menescal, Zizi assinou contrato com a gravadora Philips, que posteriormente transformou-se em Polygram (atualmente Universal Music), que lançaria quase todos os discos. O primeiro LP gravado foi Flor do Mal (1978) e o primeiro grande sucesso foi a canção Pedaço de Mim, gravada para um disco de Chico Buarque, autor da canção, que também dá título ao segundo álbum, datado de 1979, no qual outras duas canções se destacariam: Nunca e Luz e mistério.
Paralelamente ao lançamento do disco e espetáculo Um Minuto Além (1981), ganhou o primeiro prêmio, de cantora-revelação pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), Dê um Rolê (1984) e Amor e Música (1987). Os discos nesta época tinham uma linha mais comercial, principalmente de canções para trilha sonora de telenovelas e atendendo a tendências mercadológicas.
Originalmente idealizado para a montagem do ballet teatro do Balé Teatro Guaíra (Curitiba, 1982), o espetáculo O Grande Circo Místico foi lançado em 1983. Zizi integrou o grupo seleto de intérpretes que viajaram o país apresentando o projeto, um dos maiores e mais completos espetáculos teatrais já apresentados, para uma platéia de mais de duzentas mil pessoas. Zizi interpretou a canção-tema O Grande Circo Místico, composta pela dupla Chico Buarque e Edu Lobo. O espetáculo conta a história de amor entre um aristocrata e uma acrobata e a saga da família austríaca proprietária do Grande Circo Knie, que vagava pelo mundo nas primeiras décadas do século.
Valendo-se ainda do filão engajado da pós-ditadura e feminismo, cantou, ainda que com uma participação individual diminuta, no coro da versão brasileira de We Are the World, o hit americano que juntou vozes e levantou fundos para a África ou USA for Africa. O projeto Nordeste Já (1985), abraçou a causa da seca nordestina, unindo 155 vozes num compacto, de criação coletiva, com as canções Chega de mágoa e Seca d´água. Elogiado pela competência das interpretações individuais, foi no entanto criticado pela incapacidade de harmonizar as vozes e o enquadramento de cada uma delas no coro.
Em 1986 a cantora lançou aquele que seria o maior sucesso, a música Perigo, que integrou a trilha sonora da novela Selva de Pedra (Rede Globo), que a torna extremamente famosa em todo o Brasil.
Em 1989 lançou aquele que é considerado por muitos, inclusive pela própria Zizi, como um dos melhores discos: Estrebucha Baby — trabalho que marcou o afastamento do padrão comercial radiofônico da época, recebido com frieza e que foi um fracasso comercial. Neste disco também se definiu a saída da gravadora (o diretor artístico da época, hoje dono de padaria), o fim do casamento de 6 anos com o pai de sua filha, e o retorno à cidade natal - São Paulo.
O espetáculo temático Sobre Todas as Coisas permaneceu em cartaz por dois anos e o repertório deste reunia canções consagradas entre outras do repertório do disco anterior. O grande sucesso deste acabou por originar o álbum homônimo, lançado em 1991 pela pequena gravadora Eldorado, em formato acústico, acompanhada por Marcos Suzano (percussão), o multiinstrumentista Lui Coimbra (violoncelo, alternando-se com violão e charango), Jether Garotti Júnior e as participações especiais de Alex Meireles e Pier Francesco Maestrini (piano). Esta idéia soou como inusitada, surpreendente e inovadora à época.
O CD, relançado em 2006 com uma tiragem limitada de mil cópias, foi um sucesso instantâneo - apesar de não veiculado pela imprensa, pois representou, esteticamente, uma mudança radical e vendeu mais que os discos que ela fizera até então. De quebra, concorrendo com Marisa Monte e Leny Andrade, por esse álbum Zizi ganhou dois prêmios: o extinto Prêmio Sharp (atual Prêmio Tim de Música) e pela APCA, de melhor cantora e melhor CD de MPB em 1991. Sobre Todas as Coisas foi reconhecido posteriormente como um divisor de águas na carreira. Devido ao afastamento da linha comercial e a transferência para essa gravadora independente onde conquistou maior liberdade na escolha do repertório, os trabalhos estavam desacreditados e com baixa expectativa de venda, mas a vendagem surpreendeu e o disco foi muito elogiado pela crítica especializada, onde explorou influências mais densas e teatrais, enquanto o subseqüente era mais leve e jazzístico.
O segundo trabalho nesse caminho foi Valsa Brasileira (1993), lançado desta vez pela independente Velas, fundada por Ivan Lins e o parceiro Vítor Martins. O repertório trouxe regravações de canções pouco conhecidas de compositores consagrados, com destaque para a faixa-título, de autoria da dupla Chico Buarque e Edu Lobo, tal como fizera com a faixa-título do trabalho anterior, também da dupla de compositores. A partir de então, ambas as canções seriam regravadas em voga por toda a MPB.
Com este álbum, que simulou uma incursão pelos arranjos eletrônicos, Zizi ganhou novamente o Prêmio Sharp de melhor disco de MPB, entrando no rol das grandes cantoras deste gênero. Valsa Brasileira também foi muito elogiado pela crítica especializada, devido ao repertório seletivo, cuidados técnicos e arranjos apurados. O espetáculo originado deste disco também obteve relevante sucesso, fugindo ao padrão mercadológico vigente.
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